O desejo desenfreado de consumir e de estar dentro das tendências do corte e costura definidas pelos grandes estilistas é um grande estímulo oriundo da indústria cultural que gera no indivíduo o desejo de obter certos acessórios definidos por eles mesmos como must-haves, que do inglês significa ‘tem que ter’.
Não se sabe ao certo quando a expressão surgiu, porém acredita-se que já faz décadas que ele está presente nas revistas de moda e na linguagem de estilistas e socialites. É através dos produtos must-haves que a mídia cria um entorno motivando o consumo, assim, para atender a demanda, lojas de departamento se adequam para atender toda a clientela, afinal não é todo mundo que paga R$ 4.000 numa bolsa. A procura de similares dos produtos apresentados nos ‘fashion weeks’ é grande, porém a de falsificados também. Igualmente definiu Marc Jacobs, estilista da Louis Vuitton, em entrevista à VEJA, “Mesmo as que não podem comprar aquelas roupas, ficam informadas. Hoje, a informação de moda é acessível a qualquer um. É esse processo que sustenta as redes de roupa mais barata, que funcionam em escala gigantesca. Essa moda mais barata é muito pautada pela alta moda. E o efeito chega à periferia, a locais sem a sofisticação urbana.”.
O ‘se vestir’ hoje não é mais uma necessidade rotineira, e algo notório, uma exigência, uma forma de status, que define sexualidade, cultura e muitas vezes nível social. Sandra Ferrari, 42, proprietária de uma loja de presentes em uma região nobre de São Paulo, diz que em sua loja a todos os tipos de produtos, inclusive de luxo falsificados, que na maioria das vezes é consumido são pessoas de nível social elevado. Ela mesmo assumiu que usa peças falsas como relógios, bolsas e algumas roupas e sapatos, e completa: “Ninguém duvida que é real, e ainda por cima sempre elogiam meu gosto”. Já para Bruna Lopes, dona de três lojas de produtos de luxo nos shoppings de São Paulo, diz que a pirataria prejudica seus investimentos no país, porém os impostos são altíssimos e os produtos acabam ficando bem caros e menos acessíveis para a população de baixa renda.
As marcas campeãs de falsificação são as mais conhecidas como Louis Vuitton, Mont Blanc, Rolex, Gucci e Burberry. As pouco conhecidas não são desejadas pelo consumidor de falsificações, afinal a compra é ostentada para impressionar outras pessoas, papel que grifes mais discretas não desempenham.
A lei parece deixar a desejar quando se fala de pirataria e que muitas vezes faz ‘vista grossa’, porém, os falsificadores, mais cedo ou mais tarde serão punidos. De acordo com Marcelo Souto, 34, advogado, há diversas legislações, de diversos estados, cada uma adotando um sistema distinto, o que muitas vezes pode sugestionar uma falta de organização. O que é considerado pirataria em um lugar, pode ser visto como prática comercial em outro. Porém, Souto completa: “O consumidor não seria enquadrado nessa lei, no entanto pode ser indiciado por crime de receptação, podendo pagar uma multa ou ser submetido a uma reclusão de um a quatro anos, mas, em geral, os olhos do poder judiciário estão voltados para a máfia da pirataria.”.
Assim, os must-haves piratas geram problemas para os consumidores, para quem os falsifica e principalmente para a economia do país, mas a moda ostentada pela mídia continuará provocando a população e gerando cada vez mais o desejo de estar in.
Sarah Ferrari
"em sua loja HÁ todos os tipos de produtos"
ResponderExcluirque na maioria das vezes é consumido são pessoas de nível social elevado. É consumido são?????
"Já para Bruna Lopes, dona de três lojas de produtos de luxo nos shoppings de São Paulo, diz que a pirataria prejudica seus investimentos no país, porém os impostos são altíssimos e os produtos acabam ficando bem caros e menos acessíveis para a população de baixa renda." Produtos de luxo para população de baixa renda? Nem na Finlândia...
Coloque a foto no começo da matéria, não lá no final.